segunda-feira, 14 de junho de 2010

VÍDEO 2 - O SONHO ACABOU - AV2

O SONHO ACABOU

Um homem solitário em meio à multidão e aos obstáculos da metrópole. Um sonhador deslocado no tempo e no espaço, sem saber ao certo aonde ir. Um jovem que, diante da impossibilidade de conseguir o que almejava, aceita o que lhe oferecem, sem contestar. Que gente é essa? Que mundo é esse? Que época é essa em que a individualidade ocupa o lugar da indignação diante do sofrimento do outro? Que sociedade é essa que substituiu a inquietação pelo conformismo, pela simples adaptação?
Essas são algumas das questões implícitas no filme “O Sonho Acabou”, incluído no Festival do Minuto, e que nos proporcionam a reflexão acerca do momento histórico que atravessamos. A crise de valores, a ausência de certezas sobre o que é certo e o que é errado, a depressão diante do cotidiano, a falta de perspectiva, de causas por que lutar atingem as mais distintas áreas da sociedade. E com a educação não seria diferente. Vivemos numa dormência apática, sem sonhos, sem ideais. Nosso grito de guerra por estes temas há muito se perdeu. Diferentemente da época em que éramos destemidos, lutávamos por nossos sonhos de liberdade e democracia.
O vídeo retrata um “John Lennon” – ícone de uma geração que sonhou o mundo livre e feliz – desmotivado pela realidade, o que torna possível traçar um paralelo com a situação do educador brasileiro. Antes, valorizado, considerado agente fundamental para mover a máquina da mudança, crítico, engajado nas lutas pela melhoria da qualidade de vida dos brasileiros, exemplo a ser seguido, aquele que agia em favor da coletividade hoje relegada ao segundo plano das profissões, mal pago, ameaçado, desvalorizado, violentado, um cidadão à margem da mesma sociedade que, outrora, o fez acreditar que tinha a capacidade de transformar o Brasil e o mundo.
Uma luz fria sobre as revelações feitas pelo filme leva-nos a ver que o sonho acabou não apenas para os professores, mas para todos os que, um dia, acreditaram na educação como meio de desenvolvimento moral, social e profissional. Afinal, como estimular o pensamento crítico, despertar para o “mundo real” – injusto, desigual, – cérebros entorpecidos pelas idéias de poder, sucesso e prazer a qualquer preço?
Entretanto, se decidimos abraçar a causa da educação nessa época de tantos conflitos, devemos parar e olhar mais de perto: a solução sempre será possível enquanto houver iniciativas, ainda que, aparentemente isoladas. Como futuros educadores, devemos concentrar forças na busca por novos sonhos, novas formas e ferramentas de transmitir aos alunos e, consequentemente, à sociedade, os verdadeiros valores da educação e da vida. Afinal, como bem definiu o cientista e escritor Augusto Cury, “bons educadores preparam filhos e alunos para aplausos, os educadores brilhantes preparam filhos e alunos para o fracasso”.
Mais do que problematizar as discrepâncias observadas na educação do nosso país e relacioná-las com o vídeo acima citado, queremos despertar para um novo tempo de mudanças e de novos sonhos. Convocamos nossos colegas docentes, e todos que se colocam como elemento de transformação da nossa sociedade, a dar início a essa mudança de comportamento individualista e passivo. O mundo precisa de mudança, nós somos o mundo, um só, e devemos começar a pensar assim, de maneira coletiva e universal.
O primeiro passo para uma mudança é acreditar na capacidade do ser humano, o poder de criação e solução. Cada pequeno passo pode se tornar grande, se for dado em conjunto. Nossa sociedade precisa se unir e lutar pelos ideais básicos para transformar-se em uma nação melhor. Quando todas as esferas de governo se unirem à população, quando houver moradia decente para todos, quando houver ensino de qualidade para todos, entre outros aspectos econômicos, políticos e sociais, estaremos mais perto da realização do nosso “sonho social”.

A problemática da educação
Quem decide educar enfrenta desafios diários e, ao que parece, cada vez mais complexos. Se, tempos atrás, as desigualdades sociais, a falta de infraestrutura – escolas distantes dos centros urbanos, mal conservadas, ausência de material básico para as aulas, turmas superlotadas -, as ameaças da criminalidade e os baixos salários eram indicados como os principais obstáculos, agora, também podem ser adicionados aspectos sociológicos e de mudança cultural, como o desinteresse dos alunos pelos estudos, a ausência de participação das famílias no processo de educação de seus filhos, a introdução de recursos tecnológicos que podem, ao invés de auxiliar, interferir no processo de aprendizagem dos alunos.
O sonho de seguir em frente e desenvolver uma carreira exemplar na área da educação é, constantemente, ameaçado por pesadelos da vida real. Outro dia, um amigo da minha família, que foi jovem nos chamados Anos Dourados, comentava que sentia-se feliz por ter vivido sua juventude “numa época em que as pessoas estudavam para vencer na vida; hoje estudam pensando em ganhar a vida”. Um relato que resume a drástica mudança por que passou a educação no Brasil. Afinal, como um professor pode dizer a um jovem, matriculado no ensino público ou privado, que o aprendizado da sala de aula, o convívio no ambiente escolar e seu esforço pessoal vão lhe garantir o sustento mais adiante, no mercado de trabalho?
Identificamos o desabafo de uma estudante de Pedagogia que relata seu calvário como estagiária numa escola da zona norte de São Paulo. Seu depoimento é recheado de criticas ao sistema. As próprias professoras do ensino público, em sua opinião, comportam-se como funcionárias sem compromisso. Para a maioria delas, estar ali representa só uma tarefa burocrática para ganhar o salário no fim do mês.
O retrato negativo que a estudante relata sobre seu estagio é reflexo do que acontece hoje nas escolas públicas, o verdadeiro descaso com a educação.
Saímos às ruas e entrevistamos A. de Almeida, 30 anos, formado em Letras Português / Inglês, professor do SESI. Perguntamos-lhe se o sonho para ele havia acabado. Ele nos confirmou que sim e discorreu uma série de insatisfações tanto sobre salários, quanto sobre as instituições de ensino, alunos etc., e demonstrou-nos comodismo com a situação. Ao ser questionado sobre o motivo de não fazer algo para mudar e de continuar da profissão, disse ser “confortável” não fazer nada e ganhar o salário da rede publica no final do mês, assim lhe garantia “as cervejinhas”.
O livro “As Meninas da Esquina”, da jornalista Eliane Trindade, recém-lançado pela editora Record, é outro exemplo do abismo que separa aqueles que estão à margem da sociedade da educação que, em tese, poderia lhes restituir a dignidade. A obra, que inspirou o filme “Sonhos Roubados”, de Sandra Werneck, reúne os diários de seis adolescentes que sobrevivem da prostituição nas ruas de diferentes cidades brasileiras.
Em vários trechos, as personagens, amparadas por projetos sociais desenvolvidos por ONGs retratam a difícil e instável relação que mantém com as escolas onde estão matriculadas, com os professores e colegas. Todas dizem saber que precisam freqüentar a escola, “para ser alguém na vida”, mas entre a teoria e a pratica sobram desanimo, cansaço, desalento, desinteresse.
As meninas contam episódios que só reforçam a face cruel da educação pública no Brasil: professores que “reclamam de tudo e implicam com a gente”, colegas brigando por causa de drogas, escolas caindo aos pedaços. Uma das personagens relata que duas semanas sem ter aulas porque a escola estava em obras, depois que parte do teto caiu sobre uma aluna. Ela diz saber que professores já haviam “tirado dinheiro do próprio bolso para manter a escola de pé”.
Uma pesquisa realizada pela Fundação Getulio Vargas (FGV-RJ) sobre a evasão escolar revelou que 40% dos jovens de 15 17 anos deixam de estudar simplesmente porque acreditam que a escola é desinteressante (Fonte: Jornal e Educação – Associação Nacional de Jornais – ANJ). Coordenada pelo economista Marcelo Neri, a pesquisa mostra que, apesar de diversos estudos demonstrarem o impacto da educação na qualidade de vida e na renda dos indivíduos, em 2006, 17,8% da população de 15 a 17 anos que deveriam estar cursando o Ensino Médio, caso não houvesse atraso escolar, estavam fora da escola.
Entre as razões que levaram esses jovens a abandonar os estudos, na comparação entre 2004 e 2006, o desinteresse pela escola caiu de 45,12% para 40,29%, embora ainda seja o principal motivo. Já a necessidade de trabalhar aumentou de 22,75% para 27,09%. Segundo o coordenador da pesquisa, o levantamento mostrou que não basta garantir o acesso ou criar programas de transferência de renda para assegurar que esse jovem permaneça na escola, é preciso torná-la mais atrativa, interessante cativante. “O problema da evasão é grave e atinge quase 20% da população de 15 a 17 anos”, ressaltou.
Na opinião do pesquisador, as políticas públicas só terão sucesso se houver a concordância e a participação dos pais e os alunos. “É preciso entender as necessidades dos clientes dessas políticas”, explica. Marcelo Neri diz que é importante informar e conscientizar esses jovens sobre os benefícios trazidos pela educação e atraí-los à escola.
Recorremos ao cientista e educador Augusto Cury, para quem “a educação não precisa de reforma, mas de uma revolução. A educação do futuro precisa formar pensadores, empreendedores, sonhadores não apenas do mundo em que estamos, mas do mundo que somos”.
Talvez tenhamos de resgatar os ideais da Contracultura e promover uma nova revolução tanto na sociedade, quanto na cultura e na educação do país. Quem sabe, assim, resgatemos nossa esperança de uma vida mais justa?

Tempo, escola e aprendizagem
Alguns aspectos colaboraram para que possamos entender o porquê da questão temporal na educação. A temporalidade da cultura escolar vigente está de tal forma internalizada, o tempo, tal como ele está organizado, não é sequer lembrado nas discussões pedagógicas e nunca é seriamente questionado. Essa temporalidade não está apenas na mente de educadores, pais e alunos. É algo concreto, que consta nos documentos escolares, no regimento, nas normas sistematizadas avaliativas, nos diários de classe etc.
Nós, professores, aceitamos e procuramos nos adaptar as exigências da divisão do tempo na instituição, sem examiná-la nem criticá-la, mesmo quando temos a certeza de sua inadequação. Falta tempo para ministrar determinada disciplina, falta tempo ao aluno para assimilar o conteúdo desta ou daquela matéria e, principalmente, hoje falta tempo para realizar algo diferente, fora do convencional, em sala de aula. Passamos a nos apoiar no fato de que “não acontece porque não há tempo”. Diante deste cenário, atualmente, uma das iniciativas importantes que se espera da administração escolar é, justamente, garantir o cumprimento dos tempos estabelecidos pela burocracia escolar, através do planejamento prévio. O tempo, ou a falta dele, tornou-se, assim, outro obstáculo à realização do nosso “sonho”.
Ao analisar os grandes pensadores do passado que influenciaram mudanças positivas na nossa sociedade, observamos que todos eles passaram pelo processo de problematizar, ou seja, observar o que temos de errado, o que precisa ser melhorado para pensar numa maneira de melhorar ou até mesmo resolver as situações, surgindo, assim, algumas invenções geniais, e soluções para os erros identificados. No que tange à questão da educação escolar, portanto, devemos estimular o pensamento dos nossos jovens de maneira mais crítica, mais livre, menos atrelado a informação e mais atento as explicações, com diversidade de opinião e incentivá-lo a ter a sua própria, o que acarretaria a reformulação no sistema de avaliação dos alunos.

Os desafios do mundo global
Com mais organização e menos burocracia no sistema educacional seria possível seguir em direção a uma sociedade mais justa, mais ordenada, mais solidária, mais unida e verdadeiramente educada para se desenvolver em um mundo globalizado. Para autores como Baumann, globalização é uma transformação mundial que fragiliza a solidez do Estado-nação, liquidifica a cultura do mesmo, produzindo o colapso do bem-estar social e a perda da identidade nacional. Em contrapartida, Canclini afirma que a globalização é um processo de reordenação das diferenças e desigualdades, sem suprimi-las. Por isso, “a multiculturalidade é um tema indissociável dos movimentos globalizadores”.
Desse modo, podemos compreender, como futuros educadores, que há, ao menos um aspecto positivo neste mundo globalizado que devemos explorar junto com nossos alunos: o despertar para a noção de que todos somos um, e que por isso, precisamos uns dos outros. Que temos diferenças, mas nos aceitamos e nos respeitamos, porque todo ser humano é único e especial. Todos temos sonhos, sentimentos, instintos, falhas, dons, talentos, desejos, embora nos esqueçamos disso muitas vezes e vivamos como se fôssemos superior ao nosso próximo. Precisamos, cada vez mais, desenvolver o pensamento coletivo, sem, no entanto, perder a nossa identidade. Não é possível pensar em melhorar sem olhar para o lado, sem ser compreensivo, sem tentar enxergar por ângulos diferentes, sem se colocar no lugar do próximo, sem ter senso crítico. Qualidade e diversidade de informação é no que devemos investir como educadores e cidadãos para evitar julgamentos precipitados.
O filme “O Sonho acabou” serviu para nos despertar de um sono vazio. Passamos (ou voltamos) a olhar para nossas mazelas. Seu conteúdo trouxe luz às discrepâncias antes ocultadas pelo comodismo e pelo pensamento sem crítica. Resgatou os heróis que, um dia, nos deram asas para nossos sonhos, que nos inspiram, que nos encorajam com seus exemplos, sua luta por liberdade, por um mundo melhor para todos.
Se, apesar de todos os obstáculos, a sociedade civilizada chegou até o século XXI ainda acreditando na luta, ainda tendo fé e esperança de melhoria, é porque, um dia, habitaram este planeta pessoas como Jesus Cristo, Mahatma Gandhi, Madre Tereza de Calcutá, Karl Max, Buda, Galileu, Tiradentes, o próprio John Lennon, que inspirou o filme, e tantos outros.
Destacamos trecho de um discurso histórico e conhecido do mundo, proferido por uma voz que ecoa até hoje nos EUA, a de Martin Luther King Jr.

“Eu digo a vocês hoje, meus amigos, que apesar das dificuldades e frustrações do momento, eu ainda tenho um sonho.

Eu tenho um sonho que um dia esta nação se levantará e viverá o verdadeiro significado do seu credo: "Consideramos estas verdades como evidentes por si mesmas: que todos os homens são criados iguais".

“Eu tenho um sonho hoje.”

Quando o sino da liberdade, quando nós deixarmos ele soar em toda moradia e todo vilarejo, em todo estado e em toda cidade, nós poderemos acelerar aquele dia quando todas as crianças de Deus, homens pretos e homens brancos, judeus e gentios, protestantes e católicos, poderão unir mãos e cantar nas palavras do velho spiritual negro: "Livre afinal, livre afinal! agradecer a Deus Todo-Poderoso, estamos finalmente livres!"
Pelos ideais da cultura, pelo melhoramento da educação, por uma sociedade mais justa e igualitária, convocamos a todos os estudantes, educadores, pedagogos, ambientalistas, políticos, enfim, toda nação, para uma nova jornada de reformulação e reconstrução de nossa sociedade, porque....

“O SONHO NÃO ACABOU”!!!!


ALUNOS: ANA PAULA OLIVEIRA, CARLA CRISTINA NEVES, THIAGO CARDOSO CARNEIRO, ROSANIA ROSA RODRIGUES e WALMIR VALE JUNIOR








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