sábado, 17 de abril de 2010

Vídeo 6 - "QUE TALK'


O vídeo escolhido pelo grupo retrata de maneira bem humorada o empobrecimento lingüístico na fala social. É mostrado dos travestis em uma entrevista em que os personagens se comunicam em uma linguagem própria. Ambos repetem a mesma frase tanto para responder quanto para perguntar: “Uma loucura”, “Uma coisa louca”.
Percebemos que a sociedade se divide em tribos que se expressam através de uma linguagem única. Essa linguagem é falada e perfeitamente entendida por pessoas que fazem parte da mesma tribo, mas não é compreendida por pessoas que fazem parte de outra tribo.
A formação dessas tribos de certa forma junta pessoas que tem o mesmo interesse, que tem a mesma opção sexual, que tem o mesmo gosto e o uso dessa linguagem reforça a identidade de cada tribo, mas também acaba afastando outras pessoas. O uso excessivo dessa linguagem tribal alimenta o empobrecimento lingüístico na fala social.
Essa formação de tribos também é presente dentro da sala de aula, onde grupos também são formados. Alguns acabam até sendo privilegiados, pois utilizam a mesma linguagem do professor, é por essa razão são preferidos do mesmo, e os demais acabam sendo ignorados.
O papel do professor diante disso é derrubar a barreira que impossibilita o entendimento e a aprendizagem entre aluno e professor, sem perder a identidade e sem utilizar o modo específico de comunicação de determinado grupo. Ele precisa fazer com que sua aula seja interessante e motivadora, e que todos independente de sua tribo possam entendê-lo e assim fazer com que haja interatividade.

Grupo: Débora Quintanilha Moço, Isabela Cavalcanti da Silva, Monica E. Souza,Carla Borges de Mello e Luiz Carlos Novaes Júnior

AV1

Vídeo acessar (http://www.youtube.com/watch?v=tyjd9VpqsRY)

“Que Talk” retrata de uma maneira irreverente e bem humorada o decréscimo da língua na sociedade. O Empobrecimento da fala é exemplificado através de dois travestis onde em uma entrevista se comunicam utilizando uma linguagem própria. Ambos reptem a mesma frase, tanto para perguntar quando para responder:

“Uma loucura? Uma coisa louca!”.

Esta obra sendo assistida através de um ponto de vista meramente superficial não nos revela o verdadeiro sentido de sua criação.
A partir da análise crítica do vídeo observamos uma linguagem tribal utilizada pelos personagens que exemplifica a realidade lingüística social.

Tribos Urbanas

“ Sociedade humana rudimentarmente organizada. / Na Antiguidade, divisão do povo: o povo romano era dividido em tribos. / História natural Na classificação sistemática, subdivisão menor que a subfamília”. (definição de tribo pelo Dicionário Aurélio )
Os movimentos que são identificados como tribos urbanas se estetizam através de seu vestuário, tem emoções coletivas, se organizam em comunidades e possuem uma linguagem própria.
“Acontece que por detrás dessas “tribos” há sempre um motivo pelo qual ela foi criada: medos, complexos, tais como: rejeição, exclusão, vontade de ser diferente, querer ser notado... Mas todas são criadas com um único objetivo: mostrar a todos que “EU TAMBÉM TENHO MEU LUGAR NA SOCIEDADE”
(Camila Cury – Vida de Adolescentes, acesso em 25/01/2010,http://www.escolainteligencia.com.br/blog/vida-de-adolescente/tribos/)

Alguns pensadores do século XX definem tribos urbanas como “a moda dos grupos iguais, onde pensam e sentem uns como os outros”.
Se por um lado o uso da linguagem comum reforça a identidade das tribos, por outro repele a aproximação de grupos “fechados” <(http://www.youtube.com/watch?v=UfTmCVhsNZ0&feature=related>)

Em contra partida à essa afirmação, Mafessoli (1988) afirma que:

“O que podemos reter dessas histórias é que existe um constante movimento de vaivém entre as tribos e a massa se inscreve num conjunto que tem medo do vazio”
De acordo com o material pesquisado verificamos que hoje existe um intercâmbio entre as tribos.
“Já se foi o tempo do roqueiro que só se vestia de preto e do gótico que não ouvia reggae. As tribos urbanas ainda estão aí, mas os jovens transitam sem problemas entre elas. “É como se surfassem umas nas outras”. (Revista Veja – edição especial julho de 2003 <http://veja.abril.com.br/especiais/jovens_2003/p_048.html>)

Nessa onda entre tribos nota-se a superficialidade da fala, o social comunica-se de forma monossilábica, onde muitas vezes há a incapacidade de estruturar frases com sentido. O uso da linguagem tribal alimenta o empobrecimento da língua.
“Quem não sabe falar bem não consegue justificar a sua própria existência. O decréscimo da língua portuguesa empobrece o país” (Antonio Olinto, membro da Academia Brasileira de Letras, http://www.lerparaver.com/braille_escrita)
A comunicação precária desses grupos afeta de forma direta na formação dos indivíduos nos aspectos profissional, social e educacional.
Em seu livro A língua Portuguesa e a unidade do Brasil Barbosa Lima Sobrinho, defendia que o país ainda não se dividiu justamente por conta da língua. Todavia, a segmentação da linguagem de tribos, como funkeiros, gangues de rua, skatistas, pode trazer prejuízo no futuro. Isso pois a maior parte dos jovens não aprendeu a própria língua. Por isso os adolescentes correm o risco de continuar utilizando a linguagem falada nos grupos durante toda a vida.
“Senão estaremos formando pessoas despreparadas até mesmo para seguir uma carreira profissional.”  (Barbosa Lima Sobrinho)

Na educação

No âmbito educacional a formação de tribos e suas conseqüências também estão presentes. Nesse espaço democrático que é a sala de aula, há a manifestação desses grupos e o professor precisa estar preparado para entrar nesse universo e interagir com os alunos levando em consideração as diferenças individuais de cada um (social, emocional, física e cultural).
“Nesse novo cenário da educação, será preciso reconstruir o saber da escola e a formação do educador.”
“... o professor deverá ser mais criativo e aprender com o aluno e com o mundo.”
“Para viver esse tempo presente, o professor precisa engajar as crianças para viver no mundo da diferença e da solidariedade entre diferentes.” (Perspectivas Atuais da Educação – Moacir Godotti – Porto Alegre 2000)
A sala de aula é um espaço onde há uma troca constante, e o professor é responsável por transcender a barreira do transtribal.
É importante que o docente não tenha preferências em sala de aula,porém é necessário que ele crie um relacionamento de afetividade com seus alunos.
O desenvolvimento e a aprendizagem na educação se constroem quando a interseção é representada pela afetividade, pois é através dela que os objetivos são atingidos.
“Ensinar, entretanto, não é somente transmitir, não é somente transferir conhecimentos de uma cabeça a outra, não é somente comunicar. Ensinar é fazer pensar, é estimular para a identificação e resolução de problemas; é ajudar a criar novos hábitos de pensamento e de ação.
Isto não significa que a exposição não deva ter estrutura alguma, ou seja melhor professor ser um mal comunicador. Significa, sim, que a estrutura da exposição deve conduzir à problematização e ao raciocínio e não à absorção passiva das idéias e informações do professor. Significa desenvolver “empatia”: colocar-se no lugar do aluno e, com ele, problematizar o mundo para que, ao mesmo tempo que aprende novos conteúdos, desenvolva seu máximo tesouro: sua habilidade de pensar”.
(<http://www.cpcx.ufms.br/~amaury/textos/comunicacao-professor-aluno.html>)




Um comentário:

  1. Parabéns ao grupo que atuou na produção desta reflexão. Captou a proposta de trabalho, pesquisou e elaborou um texto original. Podia ter tensionado mais a relação tribos urbanas e empobrecimento da fala cidadã. Podia ter tensionado mais o desafio para a educação. Ainda assim, considero muito bom, mas faço convite a melhorias no decorrer do segundo bimestre até a AV2. Haverá contribuições em sala e o grupo está convidado a mais pesquisas.
    Abrs. Marco

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