segunda-feira, 24 de maio de 2010

CULTURA PÓS-MODERNIDADE

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Quem é cada um de nós senão uma combinatória de experiências, de informações, de leituras, de imaginações? (Italo Calvino)

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Como o esquizofrênico, o indivíduo pós-moderno enfoca determinadas experiências e imagen desconectadas, isoladas, e que não se articulam em seqüências coerentes, sendo este enfoque feito com intensa imersão e imediatismo. Isto quer dizer que o tempo e a história não constituem mais uma lógica compreendendo processos e relações sociais reais; a história reduz-se a significantes (estilos, referências, imagens, objetos) que podem circular independentemente de seus contextos originais. Neste quadro, a posição dos indivíduos pode ser assim caracterizada: "apatia em relação ao passado; renúncia sobre o futuro e uma determinação de viver um dia de cada vez" (Anthony Giddens)

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Doc. Internet – Caminhos para Inclusão humana
Editora Didática – www.edukbr.com

Reconhecer que podemos promover uma nova forma de aprendizagem, muitas vezes longe do que pretendíamos como objetivo principal, acredito que aí esteja a arte em ser educadora. Ver o que não está no aparente, no pedagógico, no conteúdo programado, no concreto, mas considerar o crescimento humano que a pessoa adquiriu durante aquela experiência. Como educadora considero isso como relevante porque ficará por toda vida!
“Tudo isso é aprender. E aprender é sempre adquirir uma força para outras vitórias, na sucessão interminável da vida”. (Cecília Meireles).

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Educação contemporânea: A sociedade autolimpante, o sujeito obsoleto e a aposta na escolha
Prof: Dr. Rogerio de Almeida

Por isso, se a coisa abriu-se embaixo e o fascínio pelo blefe superou o reflexo de toda tradição, é porque a coisa abriu-se em cima. Como? Pela falência. A igreja faliu – quanto ao domínio da fé; a justiça faliu – quanto à aplicação da lei; a família faliu – quanto à sua representação; o valor aristocrata/burguês faliu – porque agora pertence a todos; a cidade faliu – como idéia de uma coexistência pacífica. E se tudo faliu, é porque tudo apareceu, é porque a sua aura deixou-se sob o seu próprio blefe e se entregou a sua própria condição: ser pervertida (Kodo, 2001: 41)

Em quase todas as épocas, a grande característica do gozo foi a sua obscuridade. Era bem distinto o pequeno espaço do vinho do grande espaço do pão. E a realidade se dava aí, opondo os escravos confessos aos sensualistas (...). Aquele que se amarra ao pão não se satisfaz com o riso ou com as caricaturas. Ele se reconhece pelo seu vazio erótico, por sua fé às coisas estéreis e por sua seriedade. O poder é sério, o trabalho é sério, o pão é sério. O pão exige mãos, exige a forja, forma-se do trigo – que é trabalhado – e vai se encontrar com as grandes leis de quem se queima no 7 forno. Dessas leis vem o seu recato e a sua aversão ao gozo (Kodo, 2001: 24-25)

A deambulação, o encontro, o azar objetivo, tudo isso dá conta também da iniciação pessoal, que faz de cada indivíduo um elemento de um grande conjunto coletivo. Essa perspectiva ultrapassa, a um só tempo, o 8 subjetivismo psicologista e o objetivismo dos diversos positivismos. Uma dimensão impessoal do homem, aquém ou além do individual, é que pode nos introduzir na organicidade social e natural; é o que permite tornar preciso o que chamei de transcendente imanência, que estrutura a socialidade (Maffesoli, 2005: 55)

Distribuidor de alegrias em abundância, Dioniso era o deus que incitava os homens a gozar à larga, a deixar-se levar, provando tanto os prazeres simples quanto os gozos da bacanal extática. E é precisamente esse ethos de alegria que nós redescobrimos, declaram seus novos apóstolos, insistindo na nova cultura cotidiana que presta um culto às sensações imediatas, aos prazeres do corpo e dos sentidos, às volúpias do presente. (...) Digamos com toda a clareza: a meu ver, não se poderia estar mais enganado no diagnóstico. Pois o que é que, em nossos dias, não está cercado de ameaças, de incertezas e de riscos? O emprego, o planeta, as novas tecnologias, a globalização, a vida sexual, a escolha dos estudos, as aposentadorias, a imigração, os 'subúrbios', quase tudo é suscetível de alimentar os sentimentos de inquietação (Lipovestky, 2008: 237).

O equívoco que separa essa instituição de seus usuários vem crescendo: a escola é moderna, os alunos são pós-modernos; ela tem por objetivo formar os espíritos, eles lhe opõem a atenção flutuante do jovem telespectador; ela tende, segundo Condorcet, 'a extinguir os limites entre a porção inculta e a porção esclarecida do gênero humano', eles retraduzem essa intenção mancipadora em programa arcaico de subjugação e confundem, numa mesma rejeição de autoridade, a disciplina com a transmissão, o mestre que instrui com o mestre que domina (Finkielkraut, 1989: 148). O 'possível' de Kierkegaard não remete a um juízo sobre o advir das coisas ou o sobrevir de um estado de coisas, mas caracteriza o existir do homem.

A vida não é apenas bios, que tem seu movimento próprio do nascimento à morte. A vida do homem é existência, é relação com o mundo e com os outros; é preocupação com sua sobrevivência, é antecipação e projeto, desenvolvimento de um programa que está se escrevendo, saída fora de si da vida, é essa continuidade contrariada por descontinuidades, as das escolhas que é preciso efetuar o tempo todo. O existir é contingência absoluta: o existir não conhece outra necessidade a não ser a das escolhas exigidas por um existir livre sem determinação (Le Blanc, 2003: 48).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, Rogério de. "O Corpo e a estátua: contradanças da educação na Pós-modernidade". In: ALMEIDA, Rogério de; DIAS, Alexandre.
Metamorfopsia e Educação: hiatos de uma aprendizagem real. São Paulo, Zouk, 2002.
ANDERSON, Perry. As Origens da Pós-Modernidade. Rio de Janeiro, Zahar, 1999.
AUGÉ, Marc. Por uma Antropologia dos Mundos Contemporâneos. Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, 1997.
BAUDRILLARD, Jean. A Sociedade de Consumo. Lisboa, Edições 70, 1991.
DURAND, Gilbert. Science de l'homme et tradition. Paris, Berg International, 1979.
DURAND, Gilbert. As Estruturas Antropológicas do Imaginário. São Paulo, Martins Fontes, 1997.
EAGLETON, Terry. A Ideologia da Estética. Rio de Janeiro, Zahar, 1993.
EAGLETON, Terry. As Ilusões do Pós-Modernismo. Rio de Janeiro, Zahar, 1998.]

Identidade-Diferença na contemporaneidade – uma visão pós-moderna
Any Leal Ivo Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal da Bahia - PPGAU anybivo@hotmail.com
Fábio Velame Doutorando do Programa de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal da Bahia - PPGA Fabio.velame@hotmail.com

Um tipo diferente de mudança estrutural está transformando as sociedades modernas no final do século XX. Isso está fragmentando as paisagens culturais de classe, gênero, sexualidade, etnia, raça e nacionalidade, que, no passado, nos tinha fornecido sólidas localizações como indivíduos sociais. Estas transformações estão também mudando nossas identidades pessoais, abalando a idéia que temos de nóspróprios como sujeitos integrados. Esta perda de um ‘’sentido de si’’ estável é chamada, algumas vezes, de deslocamento - descentração dos indivíduos tanto de seu lugar no mundo social e cultural quanto de si mesmos – constitui uma ‘’crise de identidade’’ para o indivíduo (HALL, 2006, p.09).

É nisso que nós, habitantes do líquido mundo moderno, somos diferentes. Buscamos, construímos e mantemos as referências comunais de nossas identidades em movimento – lutando para nos juntarmos à grupos igualmente móveis e velozes que procuramos, construímos e tentamos manter juntos por um momento, mas não há muito tempo. (BAUMAN, 2005, p.26)

A idéia de “identidade” nasceu da crise do pertencimento e do esforço que esta desencadeou no sentido de transpor a brecha entre o “deve” e o “é” e erguer a realidade ao nível dos padrões estabelecidos pela idéia - recriar a realidade à semelhança da idéia. (BAUMAN, 2005,p.26)

Afirma ainda,
A idéia de “identidade”, e particularmente de “identidade nacional”, não foi naturalmente gestada e incubada na experiência humana, não emergiu dessa experiência como “fato da vida” auto-evidente. Essa idéia foi forjada a entrar na Lebenswelt de homens e mulheres modernos – e chegou como uma ficção. (BAUMAN, 2005, p.26)

Pode-se reclamar de todos esses desconfortos e, em desespero, buscar a redenção, ou pelo menos o descanso, num sonho de pertencimento. Mas também se pode fazer desse fato de não ter escolha uma vocação, uma missão, um destino conscientemente escolhido – ainda mais pelos benefícios que tal decisão pode trazer para os que a tomam e a levam a cabo, e pelos prováveis benefícios que estes podem então oferecer a outras pessoas. (BAUMAN, 2005, p.20)

As “Identidades” flutuam no ar, algumas de nossa própria escolha, mas outras infladas e lançadas pelas pessoas em nossa volta, e é preciso estar em alerta constate para defender as primeiras em relação às ultimas. (BAUMAN, 2005, p.19)

Em nosso mundo de “individualização” em excesso, as identidades são bênção ambíguas. Oscilam entre o sonho e o pesadelo, e não há como dizer quando um se transforma no outro. Na maior parte do tempo, essas duas modalidades líquidomodernas de identidades coabitam, mesmo que localizadas em níveis diferentes de consciência. Num ambiente de vida líquido-moderno, as identidades talvez sejam as encarnações mais comuns, mais aguçadas, mais profundamente sentidas e perturbadoras da ambivalência. É por isso, diria eu, que estão firmemente assentadas no próprio cerne da questão da atenção dos indivíduos líquido-modernos e colocada no topo de seus debates existenciais. (BAUMAN, 2005, p.38)

Até mesmo o patriotismo, ativo mais zelosamente preservado pelos Estados-nações modernos, foi transferido às forças do mercado e por elas remodelados para aumentar o lucro dos promotores do esporte, do show businesss, de festividades comemorativas e da memorabilia. (BAUMAN, 2005,p.34)

Os confinamentos são moldes, distintas moldagens, mas os controles são uma modulação, como uma moldagem auto-deformante que mudasse continuamente, a cada instante, ou como uma peneira cujas malhas mudassem de um ponto a outro [...]Nas sociedades de controle, ao contrário, o essencial não é mais uma assinatura e nem um número, mas uma cifra: a cifra é uma senha, ao passo que as sociedades disciplinares são reguladas por palavras de ordem (tanto do ponto de vista da integração quanto da resistência). A linguagem numérica do controle é feita de cifras, que marcam o acesso à informação, ou a rejeição. Não se está mais diante do par massa-indivíduo. Os indivíduos tornaram-se "dividuais", divisíveis, e as massas tornaram-se amostras, dados, mercados ou "bancos". É o dinheiro que talvez melhor exprima a distinção entre as duas sociedades, visto que a disciplina sempre se referiu a moedas cunhadas em ouro - que servia de medida padrão -, ao passo que o controle remete a trocas flutuantes, modulações que fazem intervir como cifra uma percentagem de diferentes amostras de moeda. (DELEUZE, 1992, p. 219-226).

Deleuze afirma ainda,

O marketing é agora o instrumento de controle social, e forma a raça impudente dos nossos senhores. O controle é de curto prazo e de rotação rápida, mas também contínuo e ilimitado, ao passo que a disciplina era de longa duração, infinita e descontínua. O homem não é mais o homem confinado, mas o homem endividado. (DELEUZE, 1992, p. 219-226).

Quase todos os materiais têm sido experimentados, e o que não foi tentado acabará sendo – e o mercado de consumo se rejubila, enchendo galpões e prateleiras com novos símbolos de identidade, originais e tentadores, já que não foram aprovados nem testados. Há também um outro fenômeno a observar: a expectativa de vida cada vez menor da maioria das identidades simuladas, conjugadas à crescente velocidade da renovação de seus estoques. (BAUMAN, 2005,p.88)

Você assume uma identidade num momento, mas muitas outras ainda não testadas estão na esquina esperando que você escolha. Muitas outras identidades são 9 Deleuze trata a Sociedade do Controle em substituição a Sociedade Disciplinadora:´´...as sociedades de controle que estão substituindo as sociedades disciplinares. "Controle" é o nome que Burroughs propõe para designar o novo monstro, e que Foucault reconhece como nosso futuro próximo. Paul Virillo também analisa sem parar as formas ultra-rápidas de controle ao ar livre, que substituem as antigas disciplinas que operavam na duração de um sistema fechado...´´ (DELEUZE, 1992, p.219-226), sonhadas ainda estão por ser inventadas e cobiçadas durante sua vida. Você nunca saberá ao certo se a identidade que agora exibe é a melhor que pode obter e que provavelmente lhe trará maior satisfação. (BAUMAN, 2005,p.26)

Num dos pólos da hierarquia global emergente estão aqueles que constituem e desarticulam as suas identidades mais ou menos a própria vontade, escolhendo-as no leque de ofertas extraordinariamente amplos, de abrangência planetária. No outro pólo se abarrotam aqueles que tiveram negado o acesso à escolha da identidade, que não têm o direito de manifestar as suas preferências e que no final se vêem oprimidos por identidades aplicadas e impostas por outros – identidades que eles próprios se ressentem, mas não têm permissão de abandonar nem das quais conseguem se livrar. Identidades que estereotipam, humilham, desumanizam, estigmatizam. (BAUMAN, 2005,p.44)

O idêntico não se define pela negação da diferença assim como a diferença não se define pela negação do idêntico; há ai dois conceitos que se implicam e que são a definição fundamental do pensamento. Contudo, deve-se notar que o idêntico é privilegiado em relação à diferença: a diferença pura é impensável. (L. Boisse) Talvez se devesse dizer o mesmo da identidade pura (...) (LALANDE, 1999, p.505)

O mesmo e o igual não se recobrem, tanto quanto o mesmo e a uniformidade vazia do puro idêntico. O igual sempre se liga ao sem-diferença, a fim de que tudo se ajuste nele. O mesmo, ao contrário, é o pertencimento mútuo do diferente a partir da reunião operada pela diferença. Só se pode dizer o mesmo quando a diferença é pensada[...] O mesmo descarta todo desvelo em resolver as diferenças no igual: sempre igualar e nada mais. O mesmo reúne o diferente numa união original. O igual, ao contrário, dispersa na unidade insípida do uno simplesmente uniforme (HEIDEGGER, 2206, p. 231).

[...] o NÃO heideggeriano remetia, não ao negativo no ser, mas ao ser como diferença; e não a negação, mas a questão [...] As teses de Heidegger podem ser assim resumidas: 1ª., o não não exprime o negativo, mas a diferença entre o ser e o ente [...]; 2ª., esta diferença não é ‘’entre...’’, no sentido ordinário da palavra. Ela é a dobra. Ela é constitutiva do ser e da maneira pela qual o ser constitui o ente no duplo movimento da ‘’clareira’’ e do ‘’velamento’’. O ser é verdadeiramente o diferenciador da diferença. Daí a expressão; diferença ontológica [...] a diferença ontológica está em correspondência com a questão. Ela é o ser da questão que se desenvolve em problemas, balizando campos determinados em relação ao ente [...], assim compreendida, a diferença não é objeto de representação. A representação, como elemento da metafísica, subordina a diferença à identidade, relacionando-a a um tertium como centro de uma comparação entre dois termos julgados diferentes (o ser e o ente) [...] Não há síntese, mediação nem reconciliação na diferença, mas, ao contrário, uma obstinação na diferenciação. É esta a ‘’virada’’, para além da metafísica [...], portanto, a diferença não se deixa subordinar ao Idêntico ou ao Igual, mas deve ser pensada no Mesmo e como o Mesmo (DELEUZE, 2006, p.104).

‘’a identidade na forma do conceito indeterminado, a analogia na relação entre conceitos determináveis últimos, a oposição na relação das determinações no interior do conceito, a semelhança no objeto determinado do próprio conceito’’. (DELEUZE, 2006, p.57).

‘’A abertura pertence essencialmente a univocidade. As distribuições sedentárias da analogia opõem-se as distribuições nômades ou as anarquias coroadas no unívoco. Somente aí ressoam ‘’Tudo é igual!’’ e ‘’Tudo retorna’’ Mas o Tudo é igual e o Tudo retorna só podem ser ditos onde a extrema ponta da diferença é atingida. Uma mesma voz para todo o múltiplo de mil vias, um mesmo Oceano para todas as gotas, um só clamor do Ser para todos os entes. Mas à condição de ter atingindo, para cada ente, para cada gota e em cada via, o estado de excesso, isto é, a diferença que os desloca e os disfarça, e o faz retornar, girando sobre sua ponta móvel’’ (DELEUZE, 2006, p.417).

La ciudad contemporánea podría asimilarse a un cuerpo sin órganos que realizara sus funciones, no mediante la coordinación de elementos especializados, como defendia La Carta de Atenas, sino gracias a procesos de inspiración, evaporación y transmisión de fluidos, procesos que están en permanente actividad y evolución. La tendencia funcional de La ciudad tardocapitalista apunta en esta dirección, hacia La mezcla de formas y funciones em uma amalgama urbana indiferenciada. (Vazquez,2004, p. 131)

Ou ainda,

A questão geral dos processos da natureza e dos assentamentos humanos não é propriamente de Organização no universo macro, mas, de Composição de movimentos velozes ou retardados do universo micro (molecular), o qual pressupõe Multiplicidade de agenciamentos enquanto passagem de fluxos, intensidades, composição de micro poderes, e isso, numa formação social no universo de uma micro política. Pois, as cidades comportam coexistências dinâmicas dessa multiplicidade e constroem complexas redes de conexões de elementos heterogêneos em permanente transformação e onde emergem Acontecimentos de imprevisíveis destinos caracterizados por sobreposições, misturas, zonas de vizinhança, contaminações, temporalidades diferentes, entre outras modalidades de processos de composição, e isso, no sentido dinâmico de uma Totalidade segmentaria. (Magnavita, 2008)

‘’(...) idade em que a noção de cultura se expandiu a ponto de abarcar praticamente todas as dimensões da vida social. Não há experiência ou artefato que não se apresente investido de um significado cultural qualquer, que por isso mesmo passa por instância definidora de sua natureza. Tudo é passível de associações simbólicas, possui referencias práticas e tradições locais – valores esquecidos e reativados por essa nova voga cultural, que parece querer a todo custo devolver aos cidadãos cada vez mais diminuídos nos seus direitos, materialmente aviltados e socialmente divididos, sua ‘’identidade’’, mediante o reconhecimento de suas diferenças’’ (ARANTES, 1998, pág. 152).

Enfim, o fundo do poço da vergonha foi atingido quando a informática, o marketing, o desing, a publicidade, todas as disciplinas da comunicação apoderaram-se da própria palavra conceito e disseram: é nosso negócio, somos nós os criativos, nós somos os conceituadores! Somos nós os amigos do conceito, nós os colocamos em computadores. Informação e criatividade, conceito e empresa: uma abundante bibliografia já... O marketing reteve a idéia de uma certa relação entre conceito e o acontecimento; mas eis que o conceito tornou o conjunto das apresentações de um produto (histórico, científico, artístico, sexual, pragmático...), e o acontecimento, a exposição que põe em cena apresentações diversas e a “troca de idéias” à qual supostamente dá lugar. (Deleuze, 2005 [1992], pp. 25)

BIBLIOGRAFIA.

ARANTES, Otília. Urbanismo em Fim de Linha. São Paulo: Epucs. 2001, 224p.
BAUMAN, Zygmunt. Identidade. Rio de Janeiro: Zahar, 2005 , 110p.
DELEUZE, Gilles. Diferença e repetição. São Paulo: Edições Graal Ltda., 2006 [1988], 437p.
DELEUZE, G.; GUATTARI, F. Mil Platôs: Capitalismo e esquizofrenia, vol.1. São Paulo: Ed. 34, 1995.
DELEUZE, G.; GUATTARI, F. Mil Platôs: Capitalismo e esquizofrenia, vol.4. São Paulo: Ed. 34, 1997.
DELEUZE, G.; GUATTARI, F. Mil Platôs: Capitalismo e esquizofrenia, vol.5. São Paulo: Ed. 34, 1997.
DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Felix. O que é a filosofia?. São Paulo: Editora 34, 2005 [1992], 279p. HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A Editora, 2006, 102p
HARVEY, David. Condição pós-moderna- uma pesquisa sobre as origens da mudança cultural, São Paulo: Edições Loyola, 1996, 349 p.
HEIDEGGER, Martin. Ensaios e Conferências. Rio de Janeiro: Ed. Vozes, 2006.
HEIDEGGER, Martin. Introdução a Metafísica. Rio de Janeiro: Ed. Tempo Brasileiro, 1969.
HEIDEGGER, Martin. O que é a Metafísica? São Paulo: Ed. Duas Cidade, 1969.
HEIDEGGER, Martin. O que é isto a filosofia? Identidade e Diferença. Rio de Janeiro: Ed. Vozes, 2006.
JACOBS, Jane. Morte e vida de grandes cidades. São Paulo: Martins Fontes. 2003, 510p.
KOOLHAAS, Rem. La ciudad genérica. Barcelona: Editorial Gustavo Gili, 2005.
LALANDE, André. Vocabulário técnico e crítico de Filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 1999
MAGNAVITA, Pasqualino Romano .Corpo sem órgãos / Cidade / Devires outros. In: Revista Des[dobra]. 2008. (http://www.corpocidade.dan.ufba.br/dobra/03_02_artigo.htm)
VAZQUEZ, Carlos Garcia. Ciudad hojaldre – Visiones urbanas Del siglo XXI. Barcelona: Editorial Gustavo Gili, 2004.231p.

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